SEDE VACANTE: Papa Francisco retorna à Casa do Pai

Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril, quando os sinos ainda soavam em tom de prece, o mundo católico foi tomado por um silêncio sagrado: o Santo Padre, Papa Francisco, partiu para a eternidade. Às 7h35 no horário de Roma (2h35 de Brasília), o primeiro papa sul-americano e jesuíta da história da Igreja retornou à Casa do Pai, após doze anos de um pontificado marcado por misericórdia, humildade e coragem profética.

O anúncio foi feito com profunda dor pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé:

“Caros irmãos e irmãs, é com profundo pesar que me cabe anunciar a morte de Sua Santidade Papa Francisco. Toda sua vida foi dedicada a servir ao Pai e Sua Igreja.”

Francisco, o Papa do povo, o homem do sorriso terno e do olhar firme, descansou.

O Pastor que cheirava às ovelhas

Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, em 1936, foi ordenado padre aos 32 anos. Subiu os degraus do ministério com simplicidade e dedicação até se tornar arcebispo da capital argentina. Em 2013, aos 76 anos, tornou-se o 266º sucessor de São Pedro, adotando o nome Francisco, em homenagem ao poverello de Assis – o santo dos pobres, da paz e da ecologia.

Francisco foi um papa que abriu portas e corações. Que não temeu os ventos das mudanças, mas nunca deixou de se apoiar na rocha da Tradição. Falou com os pobres, os refugiados, os esquecidos, mas também com os poderosos, sempre com a voz do Evangelho.

A despedida de um pontífice

Após um longo período de internação no hospital Gemelli, em Roma, de fevereiro a março, Francisco faleceu em sua residência, na Casa Santa Marta, cercado por oração e silêncio. Com sua partida, a Igreja entra agora no tradicional período de luto de nove dias, enquanto os preparativos do funeral são realizados com reverência.

Segundo seu desejo expresso, Francisco não será enterrado nas Grutas Vaticanas, como os demais papas dos últimos séculos, mas na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma – templo que tantas vezes visitou de surpresa e onde depositava flores à Virgem antes de cada missão.

Diferente do costume de três caixões (cipreste, chumbo e carvalho), Francisco pediu um funeral simples e um caixão humilde, de madeira e zinco. Mesmo na morte, o Papa da simplicidade segue dando testemunho.

O ritual sagrado da sucessão

Com o falecimento do Papa, o Anel do Pescador, símbolo do poder pontifício, será cerimonialmente quebrado pelo camerlengo, e a Igreja entra na fase da Sede Vacante – quando o trono de Pedro está vazio.

Cerca de 120 cardeais com menos de 80 anos se reunirão entre o 15º e o 20º dia após a morte para iniciar o Conclave, um dos mais antigos e sigilosos rituais da humanidade. Eles se recolherão na Capela Sistina, onde, sob o olhar do Juízo Final pintado por Michelangelo, elegerão aquele que será chamado a guiar o rebanho de Cristo.

Quando a fumaça branca subir novamente aos céus, será o sinal de que um novo sucessor de Pedro foi escolhido. E, então, o mundo ouvirá com lágrimas nos olhos e fé renovada: “Annuntio vobis gaudium magnum… Habemus Papam!”

Francisco: legado de amor e verdade

Francisco será lembrado como o Papa do abraço, da escuta, da coragem de ir às periferias humanas e espirituais. Um pontífice que nos ensinou que a verdadeira força da Igreja não está no poder, mas na ternura.

Sua voz ressoará para sempre em nossos corações: “Quem sou eu para julgar?” “A misericórdia é o verdadeiro rosto de Deus.” – “Rezem por mim.”

Hoje, o Céu se abre para acolher o homem que um dia, diante do mundo inteiro, apenas se curvou e pediu: “Antes de abençoar vocês, peço que rezem por mim.”

Rezamos, Santo Padre. Agora, descanse em paz.

 

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