Através de um diagnóstico comparativo, o matemático e professor Luiz Carlos Kossar, dá o tom que as pautas para as eleições municipais devem abordar neste ano.
“Fazer um diagnóstico de Foz do Iguaçu é necessário, mas é imprescindível fazê-lo comparando-o com outra cidade do mesmo porte, só desta forma poderemos entender nossa atual realidade”, firma Kossar
O professor fez uma comparação de Foz do Iguaçu e a vizinha Cascavel, que fica a 120 km, a cidade é conhecida e integrada ao nosso cotidiano.
O período a ser comparado entre Foz e Cascavel será de 2010 a 2022.
Neste período de 13 anos, Foz continuou perdendo população, apesar do significativo crescimento vegetativo, o que demonstra alto índice de pobreza em suas periferias, este êxodo é confirmado pela perda de matriculas no ensino fundamental, já nossa vizinha Cascavel continua recebendo forte surto migratório.
Emprego e renda:
A perda contínua da população de Foz, está relacionada ao seu baixo crescimento econômico, isto está demonstrado nos quadros acima.
Em 13 anos a vizinha Cascavel teve uma massa salarial (dinheiro distribuído aos trabalhadores da economia formal do setor privado) o dobro da de Foz, significando uma capitalização bem superior em todos os setores da economia formal de Cascavel em relação a Foz do Iguaçu.
A matriz econômica de Cascavel, baseada no Agro e Industria impulsiona o setor do Comércio e Serviços, tornando-a um forte polo regional.
Foz com uma matriz econômica baseada no Turismo, se fragiliza com o passar do tempo e fica dependente do desenvolvimento do País vizinho (Paraguai), tento no comércio de Ciudad del Este, como do seu agronegócio e industrialização.
Fica claro que a renda dos trabalhadores da economia formal de Foz, esta concentrada no serviço público (12,27 Bi de R$) e do setor privado (25,88 Bi de R$), representando 47%, em Cascavel é o contrário, serviço público (7,25 Bi de R$) e no setor privado (51,88 Bi de R$), representado 14%.
Em relação a estatal (ITAIPU), sua produção (109 Bi de R$) corresponde 63% da produção total de Foz e contribui com apenas 13% da massa salarial total.
Na posição do ranking dos 399 municípios do Paraná em relação ao IPDM – Renda/emprego (índice de desempenho municipal do IPARDES), Foz fica na 36ª posição e Cascavel na 11ª
Finanças públicas Receitas:
Os reflexos de uma matriz econômica frágil, como a de Foz do Iguaçu, interferem diretamente nas receitas, como demostrado no gráfico acima.
Enquanto as receitas de Cascavel crescem, as de Foz do Iguaçu está a caminho da estagnação.
Em 13 anos, Foz do Iguaçu com as receitas estagnadas (as transferências correspondem 54 % do total da arrecadação- teve um (%) de crescimento de 0,84%), teve uma despesa com pessoal de 2,6 bilhões de reais a mais que a vizinha Cascavel.
Os servidores de Cascavel tiveram uma renda média de 811 mil reais no período de 13 anos, representando 41% do setor privado (560 mil reais). Já os servidores de Foz tiveram uma renda média de 1 milhão e 100 mil reais, representando 124% do setor privado (490 mil reais).
Foz gostou no período 8 mil reais a mais que Cascavel nas despesas por aluno (68% a mais), o crescimento no número de alunos em Foz foi inferior a 1%, enquanto Cascavel superou os 25%. Em relação ao IPDM Foz ficou na 216ª posição, bem distante de Cascavel que ficou na 78ª entre os 399 municípios do Paraná.
As despesas no setor de saúde por habitante de Foz como de Cascavel são equivalentes no período em relação a infraestrutura e profissionais no setor da saúde, as relações por habitante de Cascavel são superiores as de Foz, demonstrando que Cascavel atente melhor seus habitantes, em relação ao IPDM, Foz fica na 262ª posição e Cascavel na 154ª entre os 399 municípios do Paraná.
Considerações
I – O comparativo do desenvolvimento socioeconômico entre Foz do Iguaçu e Cascavel no período de 13 anos (2010 a 2022), evidencia que:
a) Cascavel tem uma matriz econômica geradora crescente de emprego e renda, isto impulsiona seu desenvolvimento tornando-a atraente para investimentos na área de produção de bens e serviços, e como consequência torna-se atraente para novos emigrantes;
b) Foz do Iguaçu com uma matriz econômica baseada no turismo, pouco acrescenta na geração de emprego e renda, isto faz com que os investimentos na ares da produção de bens e serviços sejam insuficientes para a demanda da população em idade ativa, e como consequência o êxodo continua.
II – Turismo
Propalada como principal atividade econômica da cidade é uma inverdade.
Os dados da tabela acima desmistificam que Foz é uma cidade turística, que é confirmada pela tabela abaixo.
III – Paraguai
A região de Alto Paraná, onde está situada Ciudad del Est e seu entorno, neste período de 13 anos, devido os investimentos provenientes das “sobras de Itaipu” tornou-se um dos principais polos de desenvolvimento da América Latina em todos a áreas (indústria, serviços, comércio, agricultura). Este surto de desenvolvimento é atualmente fonte geradora de emprego e renda para milhares de moradores de Foz, este fenômeno, de fácil percepção, impulsiona a economia da cidade de forma informal.
A Ciudad del Est e seu entorno na última década melhorou significativamente sua infraestrutura relativas à mobilidade urbana, no setor de serviços e na área de moradia.
Esta melhora fez com que milhares de estudantes dos cursos de medicina oferecidos em Ciudad del Est, moradores em Foz, mudassem para outro lado da fronteira, fato também ocorre com empresários e trabalhadores.
IV – Itaipu Binacional
Esta fábrica de energia (uma das maiores do planeta) interferiu e continua interferindo nos destinos da cidade de Foz e no País vizinho.
Nos últimos 15 anos, o aumento da CUSE (kw/mês) de (16,71 U$ para 22,60), devido a mudança de sua MISSÃO, injetou 9 bilhões de dólares na economia do Paraguai e o mesmo valor para o Brasil.
É visível o impulso que este valor deu nas atividades socioeconômicas do País vizinho, enquanto no Brasil (País continental) este valor foi diluído em inúmeras atividades, tornando-o imperceptível.
Foz do Iguaçu pouco se beneficiou destas SOBRAS, ainda está na espera da conclusão das chamadas OBRAS ESTRUTURANTES, se contentando com DECORAÇÕES NATALINAS e outros feitos de pouca relevância.
O País vizinho (Paraguai) quer o aumento da CUSE em 20%, atualmente o valor é de 16,71 U$. Este aumento pretendido pelo Paraguai geraria uma sobra de UM BILHÃO DE DÓLARES para cada País.
Como se comportara Foz do Iguaçu com esta nova exigência do Paraguai, ficara coma simples observadora?
Os dados deste estudo foram obtidos em órgãos oficiais (IBGE, IPARDES), sites e revistas especializadas.
Este estudo tem como objetivo colaborar com os futuros pretensos candidatos a Prefeito e a Vereadores de Foz do Iguaçu para elaborarem uma PAUTA (propostas), que:
- Integre a cidade no desenvolvimento econômico dos vizinhos do Oeste;
- Desenvolva um projeto para a cidade tornar-se de fato um polo turístico;
- Diminua a desigualdade (hoje são 20 mil famílias- 60 mil pessoas – vivendo de bolsa família).
O estudo destaca a necessidade de uma abordagem integrada para promover o crescimento econômico, turístico e social, além de considerar os impactos de fenômenos regionais como o desenvolvimento do Paraguai e o papel da Itaipu Binacional. Em suma, o trabalho de Kossar oferece insights valiosos para os futuros líderes políticos locais, destacando a importância da análise rigorosa e da reflexão crítica na busca por soluções eficazes para os desafios urbanos contemporâneos.