
Vereadora exige explicações sobre uso da GM e FOZTRANS para blindar protesto em frente à casa do prefeito.
Jornal Tribuna Popular trouxe à tona, na sua última edição, uma denúncia que escancara o uso, e talvez o abuso, da máquina pública em Foz do Iguaçu. No centro da polêmica: a manifestação pacífica realizada no dia 26 de maio de 2025, em frente à residência do prefeito General Silva e Luna, que foi recebida com viaturas, cães farejadores, barreiras físicas e até uma carreta obstruindo a via pública.
O que seria um ato democrático virou um cerco militarizado, promovido pela Guarda Municipal, com apoio do FOZTRANS, como se manifestar fosse crime. Aparentemente, não havia nenhuma justificativa técnica ou legal para tamanha repressão. E mais: a Justiça já havia indeferido o pedido do prefeito que tentava impedir protestos nas imediações de seu endereço. Ou seja, mesmo com a Constituição e o Judiciário garantindo o direito de manifestação, a prefeitura preferiu usar aparato público para calar a população.
A pergunta que ecoa nas ruas: quem mandou?
A vereadora Valentina Rocha, sem medo de cutucar o vespeiro, protocolou o requerimento nº 383/2025, um verdadeiro raio-X da operação — que já está há quase 30 dias sem resposta. São 11 perguntas diretas, técnicas e absolutamente incômodas para quem tem algo a esconder. Entre os pontos principais:
- Quem autorizou a presença da GM e do FOZTRANS?
- Houve respaldo jurídico para a interdição da via?
- Qual foi o custo da operação?
- De quem é a carreta usada como barreira e por que ela foi mobilizada?
- Servidores públicos estavam cumprindo ordens legais ou prestando serviço particular?
Cães, blitzes e silêncio
As cenas da manifestação foram registradas por moradores: cães da K-9 ameaçando manifestantes, agentes de trânsito montando blitzes aleatórias, viaturas estacionadas em posição de intimidação e, para completar o teatro do absurdo, uma carreta bloqueando a rua — veículo que, segundo denúncias, pertence ao ex-patrão de uma secretária da própria gestão municipal. Coincidência?
Enquanto isso, o prefeito permanecia em seu apartamento, com a presença do Secretário de Segurança Pública, Paulo Tinoco, e do Procurador Geral Rafael Germano Arguello — todos aparentemente à frente da operação que, em tese, deveria servir ao público, não ao conforto pessoal do chefe do Executivo.
Constituição ignorada, democracia acuada
O artigo 5º da Constituição Federal garante: é livre a manifestação pacífica. E mais — nenhuma autoridade pode restringir esse direito sem justificativa técnica embasada. O juiz do caso reconheceu isso ao negar a tentativa do prefeito de barrar o protesto judicialmente. Mesmo assim, o que se viu foi a estrutura pública sendo usada como escudo privado.
Se confirmado o uso da GM, FOZTRANS e recursos públicos para proteger a tranquilidade pessoal do prefeito, estamos falando de desvio de finalidade, improbidade administrativa e violação dos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade.
Quando o silêncio vira denúncia
A ausência de respostas ao requerimento da vereadora Valentina é, por si só, um escândalo. Quando a transparência some, o que sobra é a suspeita. E se as instituições democráticas continuarem sendo usadas como blindagem política, Foz do Iguaçu corre o risco de ver seus direitos fundamentais sendo tratados como incômodos — e seus cidadãos como inimigos do Estado.
A cidade merece saber: quem está mandando calar o povo? E com que dinheiro?