R$ 740 por uma foto dos seus olhos: A polêmica do escaneamento de íris

Um projeto de escaneamento de íris, já vetado em países como Alemanha, Espanha e Portugal, está se expandindo rapidamente em São Paulo. A startup World, cofundada por Sam Altman, criador do ChatGPT, registrou a íris de cerca de 500 mil brasileiros em 35 pontos de cadastramento na cidade. No mundo, o número ultrapassa 16 milhões de registros.

A recompensa para os voluntários é de aproximadamente R$ 740 em tokens, uma forma de criptomoeda. Para participar, é necessário ser maior de 18 anos e realizar o escaneamento em uma esfera metálica chamada Orb, que gera um código único chamado World ID. Segundo a empresa, o objetivo é criar uma identidade digital para diferenciar humanos de robôs e prevenir fraudes.

Especialistas, no entanto, levantam preocupações sobre a segurança e o uso indevido de dados biométricos. A World afirma que os dados escaneados não são armazenados, mas sim criptografados e enviados ao dispositivo do usuário. De acordo com Rodrigo Tozzi, gerente de operações da empresa, “a única informação que fica na nuvem é o código da verificação da íris, fragmentado e armazenado em locais diferentes”.

Embora o sistema de reconhecimento por íris seja considerado o mais seguro, com uma margem de erro de 1 em 1,2 milhão, a falta de informação preocupa. Uma reportagem do Domingo Espetacular revelou que muitos participantes não compreendem a importância dos dados cedidos e se inscreveram principalmente pela recompensa financeira.

Nas unidades de cadastramento, os funcionários auxiliam os voluntários e explicam como ativar o app de moeda virtual Worldcoin, por onde o pagamento é feito. Apesar das promessas de segurança, o projeto levanta dúvidas sobre os limites entre inovação tecnológica e a proteção de dados pessoais.

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