Quantas dores o seu “estou bem” esconde?

Foto: Arquivo Pessoal

Por, Ed Queiroz

“Estou bem.” Quantas vezes você já disse isso automaticamente, sem nem se dar conta do que talvez não estivesse acontecendo? É quase uma resposta padrão, um reflexo. Afinal, é mais fácil falar isso do que a verdade.

A gente vive numa sociedade que nos ensina a engolir o choro, a sorrir mesmo quando a alma está em pedaços. “Não incomode os outros com seus problemas”, dizem. E a gente acredita. Começa a empilhar camadas de “estou bem” em cima de sentimentos que gritam.

Mas a verdade é que, por trás desse “estou bem”, pode existir um universo de dores invisíveis. O peso de uma perda recente, as frustrações de um sonho adiado, a solidão que ninguém enxerga. Ou até aquelas questões que nem sabemos nomear. A ironia é que, ao nos calarmos, ficamos ainda mais isolados — e as dores crescendo, silenciosas.

Dizer que não estamos bem não é sinônimo de fraqueza. Pelo contrário, é um ato de força, porque exige vulnerabilidade. E ser vulnerável, numa sociedade que constantemente nos cobra perfeição e resiliência, é quase um ato de rebeldia.

Quando carregamos dores que o “estou bem” esconde, a busca por apoio se torna essencial. E nesse processo, tanto a espiritualidade quanto a ajuda psicológica podem auxiliar papéis complementares e transformadores.

Para quem acredita, Deus pode ser uma fonte de conforto, força e esperança. Na solidão das noites mais difíceis, rezar ou meditar pode trazer paz ao coração e clareza à mente. A fé nos lembra que não estamos sozinhos, que existe um propósito maior e que, mesmo nos momentos de maior sofrimento, há algo além do que enxergamos. Essa conexão com Deus pode nos dar o ânimo necessário para enfrentar desafios e nos fortalecer, no entanto, combinar espiritualidade e terapia pode ser uma alicerça poderosa, Deus nos deu inteligência e recursos para que cuidássemos de nós mesmos, e a psicologia é uma dessas dádivas.

Perdi esse ano alguns amigos, e essas tragédias reforçaram em mim a importância de expressarmos o que sentimos, de falarmos sobre nossas dores antes que elas se tornem insuportáveis. Guardar tudo para que possa parecer mais fácil ou menos “incômodo”, mas, na verdade, isso só alimenta o sofrimento. Muitas vezes, as pessoas ao nosso redor querem ajudar, mas não sabem como, porque não conseguem enxergar o que estamos enfrentando.

Foram esses momentos de reflexão que percebi o quanto é essencial ter um espaço seguro para desabafar, seja com amigos, familiares, profissionais ou até mesmo com Deus. A gente não foi feito para carregar o peso do mundo sozinho. Dizer o que sentimos é libertador, e, mais do que isso, pode salvar vidas.

Se você está lutando com algo, por favor, não guarde só para você. Peça ajuda, seja abrindo seu coração para um amigo ou buscando apoio psicológico. Se conhecer alguém que parece estar distante ou diferente, pergunte como ela está, de verdade. A gente nunca sabe o impacto que um gesto simples pode ter na vida de alguém.

Se eu pudesse voltar no tempo, sentaria com esses amigos, olharia nos olhos deles e diria: “Eu estou aqui para você. Me conta o que está passando”

Se você está lendo isso até aqui e está se sentindo perdido, quero te dizer: você é importante. O mundo é um lugar melhor com você aqui. Pode parecer difícil acreditar nisso agora, mas acredite: sua vida é valiosa. Há pessoas que te amam, mesmo que nem sempre saibam demonstrar da melhor maneira. Há caminhos, há saídas… Há vida!

1 comentário em “Quantas dores o seu “estou bem” esconde?

  1. José Reis (Cazuza)

    Prezado, muito bom texto. Se enquadra em várias situações. Mas, para reflexão, você citou Deus, sugiro, em amor cristão, a leitura do Capítulo 4 de 2 Reis, sobre a Mulher de Sunen e o profeta Eliseu. Ela perde um filho e vai em busca do citado homem de Deus. No caminho, a pobre viúva é questionada se TUDO ESTAVA BEM… Ela é um bom exemplo a ser seguido pelos filhos do Todo-poderoso… Forte abraço.

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