
A Secretaria da Mulher de Foz do Iguaçu acaba de ganhar um reforço de peso — ao menos no quesito currículo. Scheila Melo assume o cargo com aquela combinação perfeita entre farda, fé e frases prontas sobre empoderamento feminino. A Secretaria da Mulher, criada com tanto entusiasmo para dar voz às necessidades femininas, agora está nas mãos de uma mulher que, curiosamente, desperta sentimentos opostos em diferentes setores da sociedade — inclusive entre outras mulheres.
Nada contra trajetórias complexas — aliás, toda mulher carrega suas cicatrizes. Mas o problema é quando essas cicatrizes são causadas por mãos que hoje se dizem dispostas a curar. A incoerência não está nos erros do passado, mas na tentativa de apagá-los com frases feitas e jargões de rede social.
Formada em Direito, com pós disso e daquilo, Scheila chega vendendo a imagem de gestora técnica, articulada e preocupada com as mulheres mais vulneráveis. Uma verdadeira paladina das causas femininas. Inclusive, sua trajetória pessoal parece ter sido moldada por intensas batalhas no front — algumas forjadas dentro da própria corporação, outras nos bastidores da vida privada. Mas disso a imprensa oficial não fala, afinal, onde termina a vida pessoal e começa o serviço público, não é mesmo?
Na prática, a nova secretária vai precisar de muito mais que currículo militar e fotos em eventos sociais para convencer as mulheres de Foz de que está ali por elas — e não por ela. Porque quando o discurso é decorado e a prática é seletiva, o empoderamento vira apenas mais um item de maquiagem institucional.
Scheila também fundou uma ONG — o que, hoje em dia, é quase um selo de integridade instantâneo. Afinal, quem ajuda meninas carentes não poderia jamais ter interesses paralelos, certo? Só que, às vezes, o projeto social vem mesmo é pra dar verniz.
A gestão do prefeito General Silva e Luna aposta alto na nova secretária. Ele afirma que ela une “competência técnica, experiência em campo e dedicação às causas sociais”. E deve ser verdade. O campo em questão é fértil, movimentado e cheio de episódios não exatamente protocolares — mas cada um com sua versão da história.
É esperar pra ver se, no meio de tanta pose e tanto protocolo, a nova secretária entrega mais do que palco. Porque as mulheres de Foz não precisam de outra protagonista tentando salvar o mundo enquanto coleciona “troféus” pessoais nos bastidores.