
A cena parecia de filme: um homem de mochila preta, entrando e saindo com calma de um condomínio de luxo em Foz do Iguaçu, carregando milhões em dinheiro e joias. As câmeras de segurança registraram a movimentação no domingo, 14 de fevereiro de 2025. O que ninguém imaginava — nem a polícia — era que o “homem” em questão tinha apenas 17 anos. E o mais impressionante: já vinha furtando desde os 9.
A revelação veio à tona no último domingo (29), em reportagem do Fantástico, da TV Globo, deixando o país boquiaberto. Segundo a polícia, o adolescente é apontado como autor de mais de 40 invasões a condomínios de alto padrão, usando sempre a mesma tática: tranquilidade, roupas discretas e a habilidade de quem conhece bem os bastidores da vida de luxo — mas pela fechadura.
No furto em Foz, ele usou um pé de cabra para arrombar a porta de um apartamento e levou US$ 1 milhão em espécie, além de R$ 50 mil em reais e mais R$ 60 mil em joias. O total do prejuízo gira em torno de R$ 6 milhões. E tudo isso em plena luz do dia.
Segundo o delegado Geraldo Evangelista, o crime foi cometido com sinais claros de que o menor tinha informações privilegiadas sobre o apartamento alvo. Porteiros, síndico e outras testemunhas começaram a prestar depoimento. As digitais encontradas no local ajudaram na investigação, mas na época ninguém cogitava sequer a possibilidade de se tratar de um adolescente.
Agora, o Brasil tenta entender: como um menor de idade, sem carteira de motorista e com histórico criminal que começa antes do ensino fundamental, passou por portarias, elevadores, seguranças e câmeras, e conseguiu sair ileso com o equivalente a um apartamento de luxo nas costas?
A resposta pode estar não só na ousadia dele, mas também na passividade de um sistema que só reage quando o prejuízo vira manchete.