Ney Latorraca, um dos maiores nomes do teatro e da televisão brasileira, despediu-se do palco da vida nesta quinta-feira, 26, aos 79 anos. O ator, que lutava contra um câncer, morreu de sepse em decorrência de uma infecção nos pulmões, no Rio de Janeiro.
Mas mesmo fora dos holofotes, Ney deixou sua marca de maneira grandiosa: sua herança será destinada a instituições de caridade. Uma decisão que ele já havia compartilhado em entrevistas, com a serenidade e firmeza de quem sabia exatamente qual era seu papel no mundo.
Em 2021, ao jornal Extra, Ney revelou que doar seus bens era não apenas um desejo pessoal, mas também uma vontade de sua mãe, que também era artista. “É um desejo da minha mãe também. Acho que é assim que tem que ser. O que eu ganhei com o teatro tem que voltar para essas causas. Essa é a missão do artista, pelo menos para mim”, afirmou.
Ney Latorraca, que foi casado com a atriz Inês Galvão e, desde 1995, com o escritor, diretor e ator Edi Botelho, não teve filhos. Seu legado, no entanto, vai muito além do laço sanguíneo e encontra seu verdadeiro significado no impacto social de sua decisão.
Em uma entrevista à revista Veja Rio, em 2020, Ney revelou que sua estabilidade financeira veio principalmente dos imóveis adquiridos ao longo da carreira. “Eu já fui bem pobre e só comecei a ganhar dinheiro na década de 1980, com a peça Irma Vap”, contou.
Na época, ele revelou possuir quatro imóveis: uma cobertura na Lagoa, apartamentos em Ipanema e Jardim Botânico, no Rio, e outro em Higienópolis, em São Paulo.
O ato final de Ney Latorraca reflete a generosidade de um artista que sempre enxergou o palco como uma missão e o sucesso como uma ferramenta para fazer o bem. Um adeus digno de aplausos de pé.