CENTRO DE CONVENÇÕES: Avaliado em R$ 100 milhões, vendido por 74: quem lucra?

Avaliado oficialmente pela Caixa Econômica Federal em mais de R$ 100,9 milhões, o Centro de Convenções de Foz do Iguaçu será repassado ao Governo do Estado por apenas R$ 74 milhões. A diferença de R$ 26 milhões está provocando indignação e levantando sérias dúvidas sobre a lisura e a transparência da negociação encabeçada pela atual gestão municipal, comandada pelo prefeito General Silva e Luna.

Dois laudos, dois valores. E um silêncio incômodo.

O caso começou a ganhar contornos nebulosos após a revelação de dois documentos distintos:

  1. Um laudo técnico da Caixa Econômica Federal, datado de 14 de novembro de 2024, que avaliou o complexo em R$ 100.905.413,96. A avaliação foi realizada com critérios rigorosos, padronizados nacionalmente pela instituição financeira, que é frequentemente utilizada por órgãos públicos para garantir a imparcialidade de transações de grande porte.
  2. Um laudo paralelo, contratado pela própria prefeitura e finalizado em dezembro de 2024, aponta o valor do imóvel em R$ 74.047.187,58 — curiosamente, quase idêntico ao valor anunciado pelo prefeito como base da negociação com o Estado.

Ambos os documentos foram obtidos com exclusividade pela equipe do blog e estão disponíveis para consulta.

O que está em jogo?

Mais do que uma mera divergência de números, a diferença representa R$ 26 milhões a menos nos cofres públicos — verba que poderia ser destinada a áreas como saúde, infraestrutura e turismo, justamente os setores citados pela prefeitura como destino da quantia arrecadada.

A pergunta que ecoa nas redes sociais e nos corredores da cidade é direta: por que a prefeitura ignorou o laudo da Caixa e optou por uma avaliação com valor consideravelmente inferior?

General, explica, mas não justifica

O prefeito General Silva e Luna afirmou publicamente que a negociação com o Governo do Paraná gira em torno de R$ 74 milhões e que “a venda do Centro de Convenções é estratégica para destravar investimentos importantes na cidade”. No entanto, não foram apresentados documentos oficiais que expliquem os critérios utilizados para rejeitar o laudo da Caixa — considerado mais técnico e imparcial.

Tampouco houve audiências públicas, consulta popular ou manifestação da Câmara de Vereadores antes da assinatura do protocolo de intenções.

Venda feira com “desconto” Para quem?

O Governo do Estado deverá transformar o Centro de Convenções em um polo regional de eventos, com reformas e revitalizações prometidas. Contudo, sem um processo licitatório, a venda direta com valor abaixo do avaliado pela Caixa pode levantar questionamentos junto a órgãos de controle como o Tribunal de Contas e o Ministério Público.

Especialistas ouvidos pela reportagem alertam que a operação pode ser classificada como lesão ao patrimônio público, caso fique comprovado que o Município abriu mão de um valor justo de mercado.

Transparência passou longe?

Além da falta de esclarecimentos sobre os critérios da avaliação final, também não há plano de investimento divulgado com os R$ 74 milhões da venda. Nem cronograma, nem detalhamento técnico. Apenas promessas genéricas de melhorias.

Enquanto isso, setores importantes da cidade sofrem com unidades de saúde sem insumos, ruas esburacadas e obras inacabadas.

Quem vai responder por essa diferença?

A gestão municipal terá que enfrentar a opinião pública e, talvez, investigações mais profundas sobre a condução dessa venda. O que poderia ser um alívio financeiro e um projeto positivo para a cidade, agora se torna um caso clássico de desconfiança e falta de transparência.

Afinal, quem abriria mão de R$ 26 milhões sem uma boa explicação?

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