“CALA A BOCA, IGUAÇUENSE!” — O dia em que a Prefeitura cercou o povo

CARTA ABERTA À CIDADE DE FOZ DO IGUAÇU E À GESTÃO SILVA E LUNA

Pela primeira vez na história recente da nossa jovem democracia iguaçuense, a Prefeitura de Foz do Iguaçu mandou fechar uma quadra inteira no centro da cidade para impedir o povo de protestar. E não foi qualquer rua. Foi a rua onde mora o prefeito, Joaquim Silva e Luna, num luxuoso prédio blindado pelo poder, pela força e pela arrogância.

Na sexta-feira, 23 de maio, um vídeo publicado pelas páginas ALÔFOZ.tv, Paraná Pop, Foz da Fita e Foz 1000 Graus convocava a população a se manifestar, de forma pacífica, contra os rumos da atual gestão. O vídeo ecoou o que centenas já diziam nos bastidores: basta de silêncio e de promessas vazias. A ideia nasceu de forma espontânea no grupo “Protestos Foz”, que hoje reúne quase 800 cidadãos inconformados.

E como resposta? A Prefeitura reagiu como regimes autoritários reagem: com ameaça, processo e repressão. Em poucas horas, soltou uma nota recheada de termos hostis, colocando nas costas da imprensa e das redes a culpa por um “possível caos social”. Tentaram nos rotular como incitadores de violência. Tentaram nos silenciar.

Mas não parou por aí. Na véspera da manifestação, o próprio prefeito recorreu à Justiça pedindo a proibição do protesto, a remoção de postagens e o pagamento de uma multa absurda de R$ 50 mil reais. A Justiça, felizmente, manteve o direito à manifestação, exigindo apenas a remoção do vídeo que tinha o endereço residencial do prefeito.

Só que mesmo com decisão judicial em mãos, a Prefeitura agiu como se fosse superior à lei. Cercaram a rua com baias, posicionaram 12 viaturas da GM, acionaram a força tática e até cães da K-9 — não para proteger a cidade, mas para intimidar seu próprio povo. Crianças, idosos, jovens e trabalhadores. Foi um teatro de guerra contra a democracia.

Milhares de pessoas acompanharam ao vivo, pelas páginas de notícia que estavam no local, cada minuto da manifestação. Mesmo com a presença física da população ainda tímida, um vídeo em especial explodiu nas redes: o momento em que o advogado Dr. Lougan Cardoso questiona, com firmeza, a legalidade do bloqueio da rua.

Qual o ato administrativo pra isso aqui? O juízo não autorizou o bloqueio da via. Alguém tem que ser o responsável, e é com ele que eu quero falar!” — disparou Cardoso, diante do isolamento.

O vídeo ultrapassou 1 milhão de visualizações e já soma mais de 1.500 comentários, repercutindo nacionalmente e expondo a face autoritária da gestão municipal.

Aos 45 do segundo tempo, dois advogados — Dr. Lougan Cardoso e Dr. Edson Pagnussat — acionaram o plantão judiciário. E mais uma vez, a Justiça deu razão ao povo. Mas ainda assim, um caminhão misteriosamente “quebrado” na entrada da rua, pertencente a um financiador da campanha do general, impedindo a passagem. Coincidência? Claro que não.

Mais de uma hora depois da nova decisão judicial, a ordem foi finalmente cumprida, e o povo teve acesso ao local. Mais de 100 pessoas passaram pela manifestação, que resistiu apesar do cerco, do medo e da tentativa de sufocar a voz popular.

Essa gestão é covarde ao tentar calar a população e ineficiente no trato com a coisa pública. É um governo que governa de costas para a cidade. Pior: 45% dos cargos de confiança foram ocupados por gente de fora, que não conhece — e nem quer conhecer — as dores de Foz. Como se governa um lugar sem viver sua realidade?

E quando tudo dá errado, a culpa é sempre dos outros: da imprensa, das páginas de notícia, da oposição. Nunca há autocrítica. Nunca há responsabilidade. Só ataques, ameaças e um silêncio ensurdecedor diante do caos real.

Pra encerrar, faço questão de devolver o slogan da gestão com a verdade nua e crua:

Dizem: “Foz do Iguaçu, uma cidade que inspira e trabalha.”
Mas o que vivemos é: “Foz do Iguaçu, tem uma prefeitura que conspira e atrapalha.”

A manifestação foi mais que um protesto. Foi um desabafo coletivo, uma carta aberta nas ruas. Foz do Iguaçu não é quartel. Aqui tem povo. E povo que grita.

Espero, sinceramente, que um dia essa gestão me dê motivos pra aplaudir. Mas até agora, é só choro e ranger de dentes.

Com indignação e verdade,

Ed Queiroz

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